O Projeto de Perfuração Transamazônica (TADP) aborda questões fundamentais sobre a evolução geológica e climática da Amazônia, as origens da floresta amazônica e sua biodiversidade incomparável, o momento do soerguimento dos Andes e as causas da extinção em massa na fronteira Triássico/Jurássico. Para alcançar esses objetivos, o projeto pretende perfurar duas bacias sedimentares da região amazônica no Brasil: a Bacia do Acre e a Bacia do Marajó. Esses dois locais atravessam a região amazônica próxima ao equador no Brasil, desde a frente andina até a margem do Oceano Atlântico, abrangendo quase 10% da circunferência equatorial da Terra.
Essa perfuração em terra recuperará sucessões contínuas e de longa duração do Cenozóico (últimos 65 milhões de anos), que ajudarão os cientistas a entender as mudanças na diversidade das plantas amazônicas ao longo de toda a história do Cenozóico (últimos 65 milhões de anos) das florestas tropicais; a evolução associada do ambiente físico, incluindo variação climática, o soerguimento dos Andes e o desenvolvimento do Rio Amazonas; e a origem do complexo de sill de diabase da Província Magmática do Atlântico Central Amazônico (CAMP) e seu impacto na composição dos gases atmosféricos e na extinção em massa na fronteira Triássico/Jurássico.
A perfuração do TADP em terra será realizada pela Geosol, uma empresa de 70 anos, com sede em Belo Horizonte, Brasil, e altamente experiente em perfuração para exploração mineral na região amazônica e em outras localidades.
A equipe internacional do TADP inclui cientistas de todas as Américas e da Europa, e ultrapassa os limites disciplinares tradicionais ao incorporar geólogos, geofísicos, climatologistas e biólogos trabalhando em um quadro integrado. O projeto é liderado por uma equipe de pesquisadores do Brasil e dos Estados Unidos, que têm colaborado nos últimos oito anos para tornar o projeto realidade. O financiamento principal do TADP inclui o Programa Internacional de Perfuração Científica Continental (ICDP), a Fundação Nacional de Ciências dos EUA (NSF), a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e o Instituto Smithsonian de Pesquisas Tropicais (STRI).
A América do Sul tropical é uma região chave do planeta, e sua floresta amazônico-andina abriga mais da metade de todas as espécies de plantas terrestres. As origens dessa grande biodiversidade permanecem como um dos problemas fundamentais da ciência moderna, e essa questão tem impulsionado pesquisas e debates científicos desde os trabalhos pioneiros de Darwin e outros naturalistas do século XIX. No entanto, a história de longo prazo da paisagem e da diversidade de espécies permanece praticamente desconhecida, pois esse registro está enterrado profundamente nos sedimentos das bacias que se estendem pela Amazônia.
A análise desses sedimentos por equipes interdisciplinares transformará nossa compreensão sobre a história da Amazônia e as conexões dinâmicas entre a evolução biótica, a formação de montanhas, o clima e a evolução da paisagem. O projeto fornecerá material educacional regionalmente relevante sobre a história geológica e biótica da Amazônia, por meio do desenvolvimento de programas educacionais para alunos do ensino fundamental e médio, exposições em museus, recursos de divulgação digitais, e atividades de divulgação em comunidades locais. Esperamos ampliar a valorização pública sobre como a história geológica influenciou a floresta e suas espécies, estimulando assim um maior interesse pela conservação desse recurso inestimável. Jovens cientistas das instituições participantes terão a oportunidade de participar das atividades de perfuração e dos estudos subsequentes, sendo expostos a uma ampla variedade de ferramentas e abordagens, e desenvolvendo competências interdisciplinares por meio da interação com uma equipe internacional e multidisciplinar diversa. Os participantes do projeto também estão envolvidos no ensino em suas instituições de origem, na realização de palestras públicas e no desenvolvimento de materiais para museus e outros espaços educacionais que traduzem a ciência para o público em geral.
Este é um projeto estritamente acadêmico, dedicado ao avanço das ciências, sem qualquer finalidade financeira ou econômica.
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